17/09/2009 Charlie Devereux Caracas-->
Empresas brasileiras atuam na Venezuela aproveitando boa relação diplomática
Aproveitando a boa relação diplomática entre Brasília e Caracas, companhias brasileiras devem trabalhar na Venezuela pelos próximos cinco anos com contratos valendo 14 bilhões de dólares. Só na área de engenharia, as empreiteiras Odebrecht, Camargo Corrêa e Andrade Guttierrez vão desenvolver projeto de infra-estrutura estimados entre 4 e 5 bilhões de dólares. A Odebrecht, maior companhia brasileira operando na Venezuela, tem atualmente negócios de 3,5 bilhões de dólares, incluindo o contrato para ampliar o metrô de Caracas com duas novas linhas e a construção do Metrocable, um bonde que irá transportar até 15 mil habitantes por dia do bairro de San Agustin ao centro da capital venezuelana. A companhia também trabalha na terceira ponte sobre o rio Orinoco, de 1,25 bilhão de dólares, construção com dois andares que irá unir os estados de Guarico e Bolívar e deve ser finalizada em 2011. Em junho, a Camargo Corrêa assinou um contrato de 476 milhões de dólares com o Ministério do Ambiente para desenvolver um projeto no estado de Miranda. A iniciativa inclui a construção de uma rede para transferência de água, uma represa e estações de bombeamento com capacidade para até 20 mil litros por segundo para servir a área metropolitana de Caracas. A Andrade Gutierrez assinou um contrato no ano passado com a companhia de petróleo estatal PDVSA para construir um estaleiro que abrigue os 42 navios petroleiros que a empresa planeja comprar até 2012. Já a divisão petroquímica da Petrobras, a Brasken, assinou um memorando com a companhia estatal venezuelana Pequiven em 2007 para construir um refinador de etano de 2,5 bilhões que produza 1,3 milhão de toneladas de etileno e 1,1 milhão de toneladas de polietileno. Um segundo projeto envolve a construção de uma planta de polipropileno ao custo de 370 milhões. Em maio deste ano, as duas petroquímicas firmaram uma joint venture para construir uma planta na Bahia, a um custo estimado em um bilhão de dólares. Relações estáveis “Os presidentes Lula e Chávez se encontram a cada três meses e o envolvimento de Brasília provê segurança quanto às políticas frequentemente voláteis da Venezuela, que já expropriou investimentos de companhias internacionais como a Cemex e a Exxon”, avalia Fernando Portela, diretor-executivo da Câmara de Comércio e Indústria Venezuelano-Brasileira. De acordo com ele, no passado o Brasil trabalhou com governos politicamente turbulentos, como Irã e Síria, experiências que ajudaram a suavizar o caminho das empresas brasileiras na Venezuela. “Hoje em dia a situação do Brasil está melhor do que nunca em relação à Venezuela, porque as relações estão boas no plano presidencial, têm sido confortáveis entre os dois países”, afirma Portela. “As empresas brasileiras sempre entram com o apoio do governo e de certa forma, na parte da engenharia financeira, não correm risco com seu próprio capital”. Comércio No comércio, as trocas bilaterais alcançaram 5,59 bilhões no ano passado, apesar de as exportações brasileiras superarem as venezuelanas em proporção maior do que 6 para 1, um desequilíbrio que, segundo Portela, precisaria ser corrigido se os dois países pretendem manter relações amigáveis. “Esta equação não pode continuar por mais que dois ou três anos, ou então esse matrimônio não vai funcionar por muito tempo. Não é possível manter uma relação viva e permanente, seja com Chávez ou sem Chávez, em uma relação assimétrica”, conclui. Portela acha que a Venezuela teria potencial de se posicionar no mercado do norte do Brasil com petroquímicos e derivados de petróleo que permitiriam chegar mais perto de um equilíbrio nas relações comerciais com o Brasil.
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